Como nem todos que estão
acompanhando esse blog conhecem toda a história sobre como descobrimos o
linfoma da Tatá e, como bem me lembrou a Mayra, algum desconhecido que esteja
perdido pelas “ruas da internet” pode acabar
vindo parar nesse blog... acho interessante fazer uma retrospectiva de
como chegamos até aqui!
Tudo começou em meados de
fevereiro quando eu notei um carocinho no pescoço da Tatá! Como eu e minha irmã
temos cistos na tireóide e sabe-se que existe uma predisposição genética,
achamos que seria a mesma coisa! Por não ter muita certeza do que era, ela
preferiu ir primeiro a um pronto atendimento e passou por uma médica clínica
geral. (Observação importante: ela não apresentava nenhum outro sintoma, apenas
o “caroço” no pescoço).
A médica também achou que era algo
relacionado à tireóide. Fez o pedido de alguns exames de rotina para esse caso
e falou para que depois de feitos os exames, procurássemos um endocrinologista.
Ao levar os exames para o endócrino, ele
verificou que realmente havia um cisto grande na tireóide mas que além disso
havia alguma coisa fora dela e era justamente isso que a gente conseguia ver.
Sendo assim ele a encaminhou para um cirurgião de cabeça e pescoço afim de
investigar melhor o caso.
O cirurgião já na primeira
consulta fez alguns exames clínicos para ver se era algo relacionado à garganta
e, não diagnosticando nada nesse sentido, pediu para que fosse feita a punção
do que até então acreditávamos serem cistos (ou nódulos). Em meados de abril
ela fez a punção e o resultado apontou que do lado direito era mesmo um cisto
típico de tireóide mas do lado esquerdo (onde nesse momento o “caroço” já
estava bem maior) o resultado foi não conclusivo com indicação de cirurgia para
retirada do material e análise mais detalhada.
Sendo assim o cirurgião já queria
marcar a cirurgia! Eu, no meu papel de mãe, não me dei por satisfeita e fui
atrás de uma segunda opinião! Conseguimos a indicação de um bom médico que
tinha feito a cirurgia de uma amiga e a opinião dele foi a mesma: o melhor a
fazer era a cirurgia! Decidido isso, começamos a organizar nossas agendas, a
papelada do plano de saúde e os exames pré-cirúrgicos para que a cirurgia fosse
feita!
Dia 11 de junho a cirurgia foi
feita. O médico acabou optando por tirar toda a tireóide além do material que
identificávamos como um caroço. Todo o material foi mandado para biópsia e só
então, com os resultados da biópsia, descobrimos o Linfoma de Hodgkin. (O
resultado da biópsia do material relacionado à tireóide deu negativo! ) O que a
gente conseguia ver de fora do pescoço e que achávamos que era um caroço eram
os linfonodos. Para entender melhor o que é um linfoma e como ele “ataca” o
corpo (na verdade o sistema linfático), dêem uma olhada no site da Abrale (
www.abrale.org.br). Tem um material muito
bom e bem explicativo.
Voltando à nossa saga...
descoberto o linfoma era hora de procurar um médico oncologista e iniciar o
tratamento! Todo mundo sabe que quanto antes se começa a tratar um câncer,
maiores as chances de cura. O próprio cirurgião havia indicado alguns nomes e
em nossa segunda tentativa encontramos um médico que gostamos. Ele parecia ter
o conhecimento e a experiência necessária mas também a humanidade
imprescindível pra tratar com esse tipo de paciente! Na primeira consulta ele
já esclareceu várias das nossas dúvidas e pediu os diversos exames necessários
para fazer o estadiamento da doença. Para quem não sabe o que é isso, como eu também
não sabia até então, cada tipo de câncer tem uma “escala” para classificá-lo
indo dos casos mais iniciais até os mais terminais. No caso do linfoma, o
estadiamento vai de I a IV acrescido da classificação A ou B sendo A para os
casos que não apresentam sintomas e B para os casos que apresentam. Para definir o estadiamento leva-se em
consideração onde aparecem os tais linfonodos. Quanto mais espalhados pelo
corpo eles tiverem, mais alto será o estadiamento. O caso da Tatá foi
classificado como II A.
Definido isso, o médico pode
fazer os cálculos necessários para definir também como seria a quimioterapia. O
que foi outro aprendizado para a gente! Sempre que eu ouvia falar que alguém
estava fazendo quimioterapia eu achava que era sempre a mesma coisa... mas não
é! O nome quimioterapia refere-se ao
tratamento em si mas as drogas que serão usadas e como serão aplicadas variam
de acordo com cada caso.
No caso da Tatá o que está sendo
usado na quimioterapia é a “ABVD” (são as letras iniciais do nome das quatro
drogas que são combinadas). E a aplicação dela é feita por via venosa (como
aplicação de soro na veia). A quantidade da droga usada também é calculada de
forma diferente pra cada pessoa de acordo com o peso e a altura. E, claro, da
mesma forma a reação de cada um ao tratamento é diferente também!
A primeira sessão foi feita dia
13 de julho. Durou cerca de 5 horas. Enquanto a aplicação é feita ela pode
fazer várias coisas normalmente (comer, dormir, levantar para ir ao banheiro,
etc). A única condição é não mexer muito o braço que está com a agulha e,
claro, ter muita paciência!!!
Logo após a aplicação ela não
apresentou nenhum efeito colateral. Inclusive saiu da clínica e quis ir para o
ensaio do grupo de dança! No dia seguinte dormiu muito (o que não é apenas
efeito da quimioterapia pois ela gosta de dormir bastante!) mas a noite foi
participar de um espetáculo de dança! Não teve febre, enjôo, náuseas, nada
disso! Dois ou três dias depois sentiu muito cansaço e o estômago um pouco
“machucado” mas aos poucos (e com a ajuda da acupuntura e da alimentação) foi
tudo voltando ao normal!
Daí em diante a história se junta
com o que já tem publicado aqui! A segunda aplicação está acontecendo agora e
em breve poderei atualizá-los com mais notícias!!
Bjs!